O seminário promovido pela Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura e a Escola de Gestão do Paraná explorou a conscientização e o combate ao racismo institucional.

Na última quarta-feira (22) o teatro Guairinha, em Curitiba, recebeu um seminário promovido no contexto do Novembro Negro (Mês da Consciência Negra), voltado para servidores e colaboradores do Governo do Paraná. O simpósio reuniu autoridades que fazem frente à luta pela igualdade social, entre elas o Deputado Federal Aloisio Nascimento, a Subdefensora Pública-Geral Olenka Lins e o Coordenador-geral para Igualdade Racial Eduardo Filho. Além da palestrante Dra. Iyagunã Dalzira. 

Doutora em Educação pela UFPR e Mestre em Tecnologia pela UTFPR, Iyagunã faz parte da 7° geração de africanos que chegou ao Brasil. Em sua fala, ela abordou o racismo como um problema estrutural. “O racismo está presente nas creches, escolas, trabalho, no futebol, enfim, em todo lugar. É um problema estrutural. É de extrema importância conscientizar as pessoas e ser ouvida em um palco como esse. Pode não ser a solução, mas é uma forma de levar a mensagem para as pessoas”, explicou.

Durante a recepção, os servidores e autoridades presentes puderam acompanhar uma apresentação cultural do Coral Negro de Curitiba. Em sequência, o Deputado Federal Aloisio Nascimento, marcou a abertura destacando a conscientização como ponto chave no combate ao racismo. “Quando falamos sobre racismo institucional, falamos de algo que, infelizmente, está dentro do processo de construção das instituições brasileiras. É muito importante discutirmos isso, porque sabemos, que mesmo durante o mês da Consciência Negra, as atrocidades e as perseguições continuam acontecendo”, expos. 

Logo em seguida, o Coordenador-geral para Igualdade Racial Eduardo Filho, citou o famoso discurso de Martin Luther King Jr, ‘I Have a Dream’, e destacou a importância “Sonho que se sonha junto, diz o poeta Dom Helder Camara, sonho que se sonha junto, se torna realidade. Lá atrás, outra pessoa também disse “Eu tenho um sonho”. E que esse sonho não seja utópico. E que esse sonho também se torne realidade. De termos igualdade, de termos pessoas brancas, negras, indígenas, no mesmo patamar”, discursou. 

Segundo censo do IBGE, cerca de 30% da população paranaense é negra. A partir disso, outra fala que marcou a abertura do seminário foi da  Subdefensora Pública-Geral, Olenka Lins, que destacou a importância da presença de pessoas negras em cargos do poder administrativo. “Tendo esse espaço de poder podemos estabelecer diversas políticas e ações que visam combater o racismo estrutural e todos os outros tipos de racismo que decorrem dele, como o próprio racismo institucional”, expressou.

Ainda durante a abertura do evento, a Diretora-Geral da SEAP, Luiza Cabel Corteletti, destacou o papel da secretaria no combate ao racismo institucional. “Enquanto SEAP, nós tratamos de muitas políticas públicas voltadas ao servidor e ao cidadão e nós temos sim o papel de tratar esse tema. Nos concursos, nós tomamos todo o cuidado de respeitar a lei das cotas, mas isso é pouco, nós temos que fazer mais”, declarou.

SENSIBILIZAÇÃO – Neste mês de novembro, o Governo do Estado lançou a campanha “Paraná Unido Contra o Racismo”, uma parceria da Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa e da Secretaria de Estado da Comunicação. O objetivo é sensibilizar e educar a população sobre a importância de reconhecer e denunciar atos racistas, destacando que o racismo é crime punível por lei, com pena de prisão. O lançamento ocorreu alinhado ao Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro em todo Brasil.

Para a Diretora da Escola de Gestão do Paraná, Aline Albano Justus, o seminário marca um compromisso inabalável com a mudança.  “Na Escola de Gestão do Paraná, entendemos que a conscientização é a base da transformação. Ao unirmos nossas vozes à Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, assim como a Secretaria de Estado da Cultura, solidificamos nosso comprometimento com a construção de uma sociedade onde o racismo institucional não encontre espaço. Que este evento seja o acontecimento de uma revolução silenciosa, onde cada um de nós se torna um agente de mudança”, assegurou.