Microrregião de Guarapuava - Palmas - CRQ Adelaide Maria da Trindade Batista

CRQ COMUNIDADE REMANESCENTE QUILOMBOLA ADELAIDE MARIA DA TRINDADE BATISTA

São Sebastião do Rocio, hoje Adelaide Maria da Trindade Batista, o quilombo leva o nome da matriarca fundadora e sua primeira líder em uma homenagem de seus descendentes; o antigo nome perdera sua razão de ser quando se estendeu para o bairro que a prefeitura, construiu em suas terras, quando a cidade chegou até elas. De acordo com Maria Arlete Ferreira da Silva e Auri Silveira dos Santos, descendentes dos primeiros negros que habitaram a região, a comunidade é formada pelas famílias Batista, Ferreira, Lima, Silva, Silveira e Santos.

A comunidade acredita que uma parte dos negros que vivem nesse quilombo veio com a bandeira de José Ferreira dos Santos e outra, com a bandeira de Pedro Dias Cortes, para povoamento dos campos de Palmas. Adelaide Maria da Trindade Batista chegou do Rio Grande do Sul com as primeiras expedições que chegaram se instalando na região onde hoje é o município de Palmas entre 1836 e 1839, trazendo consigo seus símbolos e os santos que são venerados até a atualidade.

Entre os ancestrais dos membros da comunidade estão Benedita, (tia Dita), que morreu queimada e Salomé, que foi escravizada e tinha as marcas no corpo: a orelha rasgada, a mão queimada, pois era obrigada a levar a brasa, na mão para que o seu senhor acender o cigarro de palha, e muitas das vezes, era obrigada a segurar a brasa até que ele fizesse o cigarro para depois acendê-lo. Maria Arlete conta que seu avô José Ferreira lutou na Guerra do Paraguai e destaca: “O meu padrasto, quando a gente tinha as “surpresas”, ele carregava a espingarda que foi do meu avô José Ferreira para dar as salvas de tiro na nossa casa”.

Adelaide Maria da Trindade Batista, a matriarca, doou o terreno para a construção da igrejinha católica, hoje oficialmente reconhecida como Capela pela Diocese. Quando a matriarca faleceu, assumiram respectivamente a liderança do bairro (Quilombo) e da igrejinha, Maria Joana Batista da Silva e Maria Adelaide Ferreira da Silva, nora da primeira Adelaide e assim vem acontecendo a sucessão na comunidade.

Atualmente a liderança do Quilombo (bairro) e da Capela é Maria Arlete Ferreira da Silva. Esta líder está sempre contando a história da luta dos ancestrais para seus filhos e netos, para que não se perca o conhecimento acumulado de geração em geração, pois como ela diz: “Muda-se a forma de viver, mas não se pode perder a tradição”.Cultura antiga: artesanato, a catira, carnaval, boi de mamão, jogo de escopa e na quaresma, a Matraca para a Recomenda das Almas, e a festa de São Sebastião do Rocio. Eram feitos três bailes: na sexta-feira era dos brancos, no sábado só dos pretos e no domingo todos dançavam. “Os bailes, não acontecem mais, pois hoje vieram para o bairro de São Sebastião do Rocio, outras famílias de várias etnias, que não conhecem e não valorizam a tradição negra”. - diz Maria Arlete. Quanto às terras, ela fala: “Atualmente, a realidade é que muitos negros se foram embora, pois não tinham como sobreviver depois que o prefeito tomou as terras do quilombo e as vendeu para famílias de descendentes de imigrantes, pobres eles também, por um preço simbólico, para não dizer doação.

Sem ter onde plantar e sem infra-estrutura urbana, empregos, a solução para muitos foi ir embora em busca de melhores condições de vida para família”. A comunidade festeja São Sebastião no dia 20 de janeiro, conserva a cultura da dança e da música, planta mandioca, feijão, milho, abóbora e batata.
 

GALERIA DE IMAGENS

  • Sr. Rui Barbosa da Silva e sua esposa Maria Arlete Ferreira da Silva – lideranças naquela Comunidade – e seus bisnetos, os gêmeos Andrew e Aryel da Silva Lorena, filhos de sua neta Erinéia dos Santos  da Silva.Pesquisa: Cristina de SouzaAutor: Fernanda CastroData: 2007