IMIGRANTES
Ao longo de sua história, do Império à República, o Paraná recebeu, e continua a receber, milhares de imigrantes das mais variadas nacionalidades, etnias e culturas. Para compreender a chegada desse grande contingente populacional, se faz necessário conhecer o contexto socioeconômico da então Província do Paraná. A ideia de estimular a vinda de imigrantes, europeus em sua grande maioria, e organizá-los em colônias rurais foi a solução encontrada para três questões daquele período.
Após sua emancipação política face à São Paulo, em 19 de dezembro de 1853, os novos governantes, à época chamados de Presidentes, deram atenção à baixa produção de alimentos e consideraram prioritária e urgente a ampliação da economia agropecuária local para suprir a demanda e, assim, atingir a suficiência alimentar. O Sul do Brasil contava com imensas áreas consideradas desocupadas, com baixa densidade demográfica, com pouca ou nenhuma população livre ou economicamente ativa: no Paraná, grande parte das terras se encontrava em regiões acidentadas, não atrativas para criadores de gado, mas, dada a necessidade de produção de alimentos e víveres ao redor da capital, tais territórios foram destinados à criação de colônias agrícolas.
Essas colônias, para além de garantir a ocupação de extensas zonas de terra e atender à necessidade de alimentos nas cidades do litoral, da capital e dos Campos Gerais, também sanavam um ponto tido como importante para as elites políticas daquela fase: nas últimas décadas da monarquia, a teoria do branqueamento da população, baseada em pseudociências, foi um projeto de Estado amplamente disseminado que pregava a miscigenação entre brancos e negros como forma de eliminar as diferenças étnicas, considerando que a população brasileira ficaria mais branca a cada geração, assim tornando o Brasil um país mais “civilizado”, aos moldes europeus.
O Arquivo Público do Paraná possui uma base de dados online com aproximadamente 100 mil registros de imigrantes provenientes de desembarques no Porto de Paranaguá, de entradas em hospedarias e de instalações em núcleos colônias que chegaram nos períodos de 1876-1879 e 1885-1896. Além disso, o Arquivo publicou o Catálogo de documentos referentes a imigrantes no Estado do Paraná (1861-1984) e o Catálogo de documentos: Ofícios e requerimentos referentes a imigrantes no Estado do Paraná (1854-1902), ambos de 2023, elaborados para facilitar o acesso à informação aos pesquisadores, tendo em vista que estes registros são um dos mais requisitados.
A Seção de Documentação Permanente (SPD) do Arquivo Público emite, de forma gratuita, a certidão que atesta a chegada desses imigrantes em território paranaense, contendo a transcrição literal do registro, conforme grafia da época. Contudo, esta pode apresentar discrepâncias de nome e/ou sobrenome, fato que deve ser levado em consideração no momento da pesquisa.
O Arquivo Público não faz processo de dupla nacionalidade, apenas fornece subsídios àqueles que buscam informações sobre seus antepassados – estas, sim, podendo ser utilizadas para tal finalidade.
REFERÊNCIAS
DEPARTAMENTO ESTADUAL DE ARQUIVO PÚBLICO (PR). Catálogo de documentos referentes a imigrantes no Estado do Paraná (1861-1984). Curitiba: Departamento Estadual de Arquivo Público, 2023 – Coleção Pontos de Acesso, v. 9.
DEPARTAMENTO ESTADUAL DE ARQUIVO PÚBLICO (PR). Catálogo de documentos: Ofícios e requerimento referentes a imigrantes no Estado do Paraná (1854-1902). Curitiba: Departamento Estadual de Arquivo Público, 2023 – Coleção Pontos de Acesso, v. 10.
História – Imigração, em <https://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/historia-imigracao/208>. Acesso em: 2 abril 2025.
Registro de imigrantes, em <https://www.administracao.pr.gov.br/ArquivoPublico/Pagina/Registro-de-Imigrantes>. Acesso em: 2 abril 2025.