Questões Sociais - Geração de Renda

De acordo com os nossos dados, as condições das CRQ’s e CNT’s são precárias. Muitas famílias foram submetidas historicamente a situações desfavoráveis por parte de governos anteriores e contam com um ínfimo apoio dos órgãos municipais. Muitas comunidades antes de 2005 eram, inclusive, desconhecidas pelos próprios órgãos dos municípios em que estavam localizadas.

Partindo da constatação da baixa escolaridade encontrada muito fortemente nas comunidades, com falta de qualificação profissional adquada e ausência de documentação pessoal como RG e CPF, etc. a geração renda nestas comunidades só se dá pelo cultivo à terra e do comércio das sobras da sua produção, raramente de artesanato, incluindo aí a farinha de mandioca. O trabalho geralmente é realizado por homem e mulher com idade e condições físicas no limite para a sua execução, no entanto, não é difícil encontrar também crianças menores de 14 anos de idade realizando funções destinadas à adultos. A seguir, veremos os índices de ocupações das comunidades classificadas por micro regiões.

Na micro região de Cerro Azul, na faixa etária entre 18 e 65 anos, temos um alto índice de trabalhadores bóias-fria, e um número insignificante de trabalhadores com carteira assinada.(28).
 
Tabela


Na micro região de Curitiba, na mesma faixa etária, verificamos um relativo equilíbrio entre o número total de trabalhadores desempregados, com carteira assinada e trabalhadores avulsos, conforme demostra a tabela a seguir.

Tabela


Na micro região de Paranaguá, aproximadamente 20% da população está entre 6 e 14 anos. O alto número deste percentual, aponta para a possibilidade de crianças estarem participando dos trabalhos realizados pela comunidade.

Tabela


Na micro região da Lapa, identificamos um número elevado entre a população considerada desocupada (65%). A maioria está concentrada na faixa etária entre 18 e 65 anos, demonstrando que o segmento mais responsável pela produção e reprodução da comunidade se encontra destituído das condições para o trabalho, resultando que, quase metade da população (45%) está desocupada, logo, sem recursos financeiros e trabalhistas.

Tabela


Assim, de acordo com o item OCUPAÇÃO, com exceção, da função “trabalhadores avulsos”, há um elevado percentual de pessoas desocupadas em todas as faixas etárias, sobretudo, entre a população economicamente ativa (idade entre 18 a 65 anos) da região.

Gráfico População Desocupada


Outro aspecto considerado importante na geração de renda das comunidades remanescentes de quilombos e comunidades negras tradicionais, são os benefícios sociais que os moradores recebem. Porém, vale ressaltar que uma parcela muito pequena dos moradores contam com tais aquisições. E por se tratar de direitos concedidos aos mais idosos, principalmente, pensão, aposentadoria, etc, podemos concluir que estes recursos, geralmente, são destinados para a compra de alimentos básicos para a família e remédios pessoais, e não podem ser considerados como renda voltada para a população local com um todo, mas pelo contrário, tais rendimentos são parcos e individuais.

Tal situação revela uma realidade bastante ruim, em muitos casos, mais de 90% da população não conta com nenhum benefício social, mesmo aqueles que deveriam fazer parte da aquisição obrigatória, como bolsa família, bolsa escola, etc. Acreditamos que o baixo número de crianças nas escolas e com ausência de documentos pessoais, são elementos que contribuem para esta situação. O gráfico a seguir, relaciona alguns benefícios sociais das comunidades remanescentes de quilombos e nas comunidades negras tradicionais e a faixa etária onde estes se fazem presentes.

Gráfico Benefícios Sociais por Faixa Etária


Como podemos perceber, nas comunidades remanescentes de quilombos e nas comunidades negras tradicionais, há uma ausência quase completa de benefícios sociais em todas as faixas etárias, sobretudo, no segmento em que se encontra a população economicamente ativa da comunidade (de 18 a 65 anos). O benefício social mais presente consiste nas aposentadorias, portanto, destinado, principalmente, aos moradores com mais de 65 anos de idade. Como veremos na seguinte tabela.

Tabela

Neste sentido, podemos reiterar que o cultivo de determinados produtos contribuem para a geração de renda nas comunidades. Geralmente com trabalho e irrigação manuais, as lavouras são imprescindíveis na base alimentar dos comunitários. Portanto, o cultivo à terra é a principal atividade econômica deste segmento da população paranaense. O arroz, o feijão, o milho, a abóbora, a mandioca, a banana e o amendoim, estão entre os produtos mais plantados nas comunidades remanescentes de quilombos e negras tradicionais. O plantio da mamona na comunidade Água Morna, batata-doce na comunidade do Tronco e cana-de-acúcar na comunidade Guajuvira são destaques mais importantes entre os produtos oferecidos nas regiões. Embora mais de 90% do plantio esteja voltado para o consumo interno, isto é, para subsistência dos próprios moradores, vale salientar que o milho e o feijão nas comunidade do Limitão e do Guajuvira, a banana nas comunidades Batuva e Rio Verde e a batata na comunidade do Despraiado, estão entre os produtos mais comercializados nestes locais.